As empresas envolvidas aceleram os preparativos para um julgamento em Londres que pode resultar em custos ainda mais altos. Autoridades estão sendo convocadas para uma cerimônia de assinatura.
Após oito anos de negociações sobre reparação e compensação para os afetados pelo rompimento da barragem em Mariana (MG), o acordo está prestes a ser finalizado. As empresas envolvidas – Samarco, BHP Billiton e Vale – estão organizando uma cerimônia formal, com a presença de autoridades, discursos e, especialmente, registros fotográficos.
Nos bastidores em Brasília, as últimas movimentações visam garantir esse registro em um contexto de uma ação judicial no Reino Unido, onde a BHP Group tem uma de suas sedes. Essa ação busca indenização de aproximadamente R$ 230 bilhões para mais de 600 mil pessoas afetadas pela tragédia, superando o valor acordado no Brasil, estimado em R$ 170 bilhões.
A lentidão nas negociações no Brasil serve como um dos argumentos para o processo no exterior. A conclusão do acordo pode, teoricamente, enfraquecer essa posição. Além disso, há a necessidade de combater a percepção de que o valor acordado é insuficiente para atender às necessidades dos beneficiários.
Essa situação gera divisão dentro do governo. A presença do presidente Lula na cerimônia, marcada informalmente para sexta-feira, 25, é debatida, pois o acordo ainda não é aceito por todos os grupos de vítimas. No entanto, defensores argumentam que é impossível agradar a todos e que essa é uma oportunidade de mostrar o empenho da administração Lula em resolver um caso tão significativo.
No fim da semana passada, governadores dos estados envolvidos, especialmente Minas Gerais e Espírito Santo, além de ministros, estavam de prontidão para a cerimônia. Também se aguardava a presença do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. Contudo, até sexta, não havia confirmação de agendas. A viagem de Lula à Rússia para uma reunião dos Brics seria uma justificativa conveniente para evitar sua presença, mas esse plano foi frustrado por um incidente doméstico que manteve o presidente no Brasil.
Na mesma sexta-feira, a Vale comunicou ao mercado uma atualização sobre as negociações, que envolvem os governos de Minas Gerais e Espírito Santo, além do Ministério Público e Defensorias Públicas. A empresa enfatizou que ainda não foi assinado um acordo definitivo e que os termos discutidos preveem um valor aproximado de R$ 170 bilhões, incluindo indenizações e compensações já efetuadas.
O rompimento da barragem em Mariana, ocorrido em novembro de 2015, é uma das maiores tragédias ambientais do Brasil. Cerca de 60 milhões de rejeitos de minério de ferro foram despejados, resultando na morte de pelo menos 19 pessoas e devastando comunidades, plantações e recursos hídricos, afetando até cidades do Espírito Santo e o Oceano Atlântico.
Via: https://istoe.com.br/platobr-uma-foto-que-vale-por-r-170-bilhoes/ – adaptado.