A base de um carro alegórico é geralmente um chassi de caminhão ou ônibus. A transformação dessas estruturas em carros alegóricos envolve um grande trabalho de diversos profissionais da escola de samba, que se dedicam por pelo menos dois meses, e o custo pode chegar a 100 mil reais. Um exemplo de como isso é feito é o processo da Portela, uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio de Janeiro. A construção começa com mecânicos que adaptam a suspensão do chassi para suportar o peso das alegorias. Em seguida, ferreiros ampliam a estrutura em até 50% para aumentar o espaço. Carpinteiros criam o acabamento em madeira, dando a forma inicial ao carro.
A parte artística envolve escultores que moldam as alegorias usando isopor e, em casos mais complexos, fibras de vidro são laminadas para dar vida a construções elaboradas, como as grandiosas estruturas que adornam os carros mais luxuosos. Além disso, há profissionais responsáveis pela pintura e pela confecção de tecidos, lantejoulas, plumas e paetês, transformando o simples chassi de caminhão em uma obra impressionante, digna de um palácio.
Só depois que o visual “luxuoso” está completo é que a parte tecnológica entra em cena. O carnavalesco Jorge Freitas, da Portela, explica que uma equipe de 12 pessoas cuida dos efeitos especiais, incluindo luzes e pirotecnia, que são programados e controlados por computador para cada carro. Esses efeitos combinam lâmpadas coloridas, alegorias móveis e fogos de artifício. Um exemplo de inovação é o carro que simula braços mecânicos soldando peças, com os movimentos sincronizados com explosões de fogos de artifício.
1. Movimentação manual das alegorias
Apesar de parecerem automáticas, muitas alegorias são movidas manualmente. Por exemplo, a grande ave do abre-alas da Gaviões da Fiel exige três pessoas para controlar as asas, cabeça e bico. Os carnavalescos afirmam que sistemas manuais são mais confiáveis do que os motorizados.
2. O piloto invisível
Cada carro alegórico tem um “piloto”, que geralmente fica escondido sob as fantasias, mas com boa visão. O “cockpit” é uma abertura na parte da frente do carro, onde ficam o volante e os pedais, preservando a direção do chassi original. Nos carros motorizados do Rio de Janeiro, o piloto tem controle total, enquanto em São Paulo, geralmente só há volante.
3. Materiais e estruturas
As alegorias são feitas de isopor ou fibra de vidro, enquanto a “lataria” do carro é composta de compensados de madeira leves, para não ultrapassar o limite de peso do chassi. O esqueleto de ferro é coberto por essas placas que formam a estrutura final do carro.
4. Iluminação potente
Para garantir a iluminação dos carros alegóricos, é utilizado um gerador a diesel com pelo menos 55 mil watts de potência, suficiente para manter 1.375 lâmpadas fluorescentes acesas ao mesmo tempo ou 29 aparelhos de ar-condicionado funcionando. A iluminação e os efeitos pirotécnicos são controlados por computador, permitindo um espetáculo sincronizado.
5. Força manual em São Paulo
Nos desfiles de São Paulo, a movimentação dos carros alegóricos é feita manualmente, com equipes de 10 a 20 pessoas empurrando o carro. Isso exige grande esforço físico, pois estima-se que cada carro pese cerca de 10 toneladas. Já no Rio de Janeiro, o motor original do chassi é utilizado para movimentar os carros, e os integrantes das escolas de samba “simulam” o empurrão.
6. Tamanho e estrutura dos carros
A estrutura dos carros alegóricos é formada por um chassi de caminhão alongado. Normalmente, um chassi de 8 metros pode ser esticado para até 12 metros de comprimento, com cerca de 10 metros de largura. Algumas escolas de samba, no entanto, podem chegar a 20 metros ou até combinar mais de um chassi para criar um carro ainda maior.
Fonte: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-feito-um-carro-alegorico-2 – adaptado.